Sustain Sustentabilidade em Cadeia

A avaliação de fornecedores quanto a critérios de sustentabilidade

A avaliação de fornecedores quanto a critérios de sustentabilidade vem se tornando uma tendência mundial – contexto

As questões relacionadas à sustentabilidade, especialmente as relacionadas ao meio ambiente e ao clima, se tornaram um dos maiores desafios da sociedade atual e principalmente do setor produtivo.

As empresas são desafiadas a ir além da conformidade para começar a gerenciar ativamente a sustentabilidade como uma variável de nível superior em suas estratégias de negócio, elevando o status da sustentabilidade na gestão das organizações, tornando-a um fator de competitividade.

No Brasil e no mundo, um número crescente de empresas começa a perceber que para gerenciarem seus impactos de forma efetiva não devem olhar para si como um elo isolado na cadeia produtiva, precisam considerar sua cadeia de valor. Segundo o Centro de Estudos em Sustentabilidade (FGVces) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP).

 “No setor privado, a convicção de que crescer de modo sustentável inclui o atendimento de demandas do meio ambiente, da sociedade e dos principais públicos com que a empresa se relaciona tem levado as empresas a perceber que as mudanças não acontecem de modo isolado. A empresa que identifica e assume compromissos para uma atuação responsável não conseguirá cumpri-los sozinha, sem contar com a cooperação de seus públicos estratégicos de negócio.

Fornecedores, clientes e parceiros de negócios são stakeholders críticos para o sucesso da maioria das empresas. A gestão da sustentabilidade na cadeia de valor se dá quando a empresa passa a fazer a gestão estratégica dos impactos sociais e ambientais de matérias-primas e serviços desde os fornecedores, subfornecedores e prestadores de serviços até o cliente final e etapas pós-consumo.” Fonte: FGVces.

No entanto, essa ainda é uma prática insipiente na maioria das indústrias. No cenário atual, muitas empresas não identificaram suas vulnerabilidades ambientais, nem a legislação ambiental aplicável às suas atividades. Normalmente as empresas mantêm uma postura reativa, na qual as ações só são implementadas após manifestação dos órgãos ambientais e/ou de outras partes interessadas. Isto gera desgaste na imagem da empresa e custos adicionais pela falta de planejamento das ações. Em contrapartida, o mercado globalizado está cada vez mais competitivo, a sociedade mais exigente e a legislação mais restritiva. Isso requer uma mudança de postura por parte do setor produtivo, com relação à aplicação de ações de prevenção em substituição de ações corretivas.

Para que esta mudança ocorra, é necessário desenvolver a percepção das organizações para a administração da variável sustentabilidade de forma sistemática na condução dos negócios, planejamento e execução de suas atividades, passando a atuar de forma proativa.

Por outro lado, as empresas que já possuem uma atuação mais responsável em relação à sustentabilidade ainda são pouco reconhecidas perante a sociedade.

A competitividade da indústria e a busca de novos mercados, passa necessariamente, pela busca de uma maior eficiência dos processos produtivos, a otimização das matérias-primas e insumos utilizados e, consequentemente, a redução da geração de resíduos – principalmente dos resíduos perigosos – reduzindo custos e tornando a gestão ambiental uma ferramenta indispensável para a sustentabilidade de suas ações.

A avaliação de fornecedores quanto a critérios de sustentabilidade vem se tornando uma tendência mundial, como uma estratégia para demonstrar o comprometimento da empresa em relação a seus fornecedores, incentivando ações voltadas para a melhoria do desempenho de toda a cadeia de suprimentos. Desta forma, tornam-se evidentes vários benefícios da gestão da sustentabilidade na cadeia de fornecimento. Esse processo motiva as organizações a adotarem novas práticas ambientais e/ou implementarem programas e ações que resultarão em melhorias no desempenho ambiental e na própria competitividade (redução de desperdícios, minimização e gerenciamento de resíduos, melhoria da imagem da empresa entre outros).

Para esta percepção mais ampla do papel da empresa nos negócios e na sociedade, aplica-se o conceito do “pensamento do ciclo de vida”, que pressupõe gestão de recursos e melhoria da eficiência, tanto na fase de produção quanto na fase de consumo, considerando a cadeia de valor. Algumas ferramentas de gestão utilizadas pelas empresas, como indicadores Ethos, o GRI (Global Reporting Initiative), ISE Bovespa (Índice de Sustentabilidade Empresarial), ABNT NBR ISO 26.000 (Princípios para a Responsabilidade Social), ABNT NBR ISO 14.001 (Sistemas da Gestão Ambiental – Requisitos com Orientações para Uso), já trazem em suas revisões mais recentes o olhar para a responsabilidade das empresas em relação a sua cadeia. Outro exemplo é o programa CDP Supply Chain, que tem como base um questionário – encaminhado aos fornecedores das empresas-membro – solicitando informações sobre as emissões de gases de efeito estufa e estratégias relacionadas às mudanças climáticas). A maior parte das grandes empresas já demanda informações de seus fornecedores sobre questões de sustentabilidade (por exemplo, licenças ambientais, declarações de que a empresa não possui trabalho infantil ou escravo, ou atende às normas de saúde e segurança do trabalho, certificações voluntárias, atendimento a códigos de conduta, etc.) e começa a estruturar programas envolvendo seus fornecedores e inserindo critérios de sustentabilidade em processos de aquisições.

Ao passarem a exigir de seus fornecedores uma conduta que considere e atenda a questões de sustentabilidade, as grandes empresas acabam por influenciá-los positivamente no sentido de que se tornarão mais bem aparelhados para as demandas regulatórias e normativas de mercado. Por sua vez, estes fornecedores muitas vezes repassam essa exigência, em maior ou menor grau, ao longo da cadeia. Esse efeito em cascata pode ter um impacto socioambiental positivo para todas as empresas de determinada cadeia de valor, fortalecendo a cadeia como um todo e posicionando todos os envolvidos em termos competitivos e de mercado, além do benefício coletivo trazido pelas melhores práticas. Como decorrência, cresce a demanda por maior transparência no processo de relato de informações e prestação de contas, tendo como um dos instrumentos a elaboração e publicação dos relatórios de sustentabilidade nas empresas. Segundo a empresa de consultoria KPMG, há uma tendência crescente de países adotarem políticas para que as empresas elaborem relatórios de sustentabilidade e, apesar das grandes empresas serem o principal foco, as pequenas e médias vêm também publicando relatórios de forma voluntária.

Considerando esse cenário no qual as pequenas e médias empresas (PME), em algum momento, receberão demandas de seus clientes relacionadas a questões de sustentabilidade, obterão vantagens aquelas que entenderem esta tendência como um campo de oportunidades a ser explorado, vislumbrando a melhoria de processos, a oferta de novas soluções, o acesso a novos mercados e, consequentemente, o reposicionamento a um patamar mais avançado de competitividade.

Ainda segundo a FGVCes, há uma falta de controle da efetiva implementação de preceitos pela área de compras e suprimentos, bem como o monitoramento das que foram realizadas seguindo tais preceitos, sendo necessário o investimento em indicadores-chave de desempenho.

Se há vontade genuína de muitas instituições em realizar as compras com atributos de sustentabilidade, há também poucos recursos dispostos para a sua implementação, que exige a capacitação tanto do comprador quanto do fornecedor para adequar-se às novas demandas.

Veja mais sobre a avaliação de fornecedores quanto a critérios de sustentabilidade e a Plataforma Sustain.

2 thoughts to “A avaliação de fornecedores quanto a critérios de sustentabilidade”

    1. Obrigada pelo incentivo, esse é nosso objetivo! Espero que você também goste dos próximos e continue acompanhando nosso trabalho.

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